Durante sua participação na última edição do congresso Gideões Missionários da Última Hora, o pastor Osiel Gomes, líder da Assembleia de Deus em Tirirical (MA), fez críticas contundentes a igrejas que adotam paredes pretas e substituem o tradicional púlpito por tambores, numa tentativa de atrair o público jovem.
Em seu discurso, Gomes citou o pastor José Wellington, considerado uma das maiores lideranças da Assembleia de Deus, para reforçar seu posicionamento conservador. “Não vamos permitir que tragam para dentro das nossas igrejas os baalins, os postes-ídolos e os costumes dos samaritanos, como ensina o Patriarca Pr. José Wellington”, afirmou. Segundo ele, a igreja deve influenciar o mundo, e não ser influenciada por ele: “A verdadeira igreja não é influenciada, mas foi chamada para influenciar”.
O evento, tradicionalmente marcado por pregações fortes sobre usos e costumes, ocorre em meio a anos de polêmicas envolvendo escândalos internos e disputas pelo poder. Embora atraia milhares de fiéis e tenha projeção nacional, o congresso também é conhecido por abrir espaço para críticas contra igrejas contemporâneas, especialmente aquelas que adotam uma estética considerada moderna, como iluminação baixa e ambientes escuros.
Lideranças mais conservadoras dentro da Assembleia de Deus enxergam essas mudanças como uma tentativa de copiar práticas do mundo secular, o que seria, na visão desses pastores, uma afronta à santidade. Igrejas com paredes pretas, por exemplo, são frequentemente associadas a casas de shows, o que gera resistência entre membros das denominações mais tradicionais.
Por outro lado, críticos apontam que, apesar do discurso rígido sobre aparência e comportamento, a Assembleia de Deus e outras denominações pentecostais têm enfrentado sérias denúncias envolvendo seus líderes. Casos de escândalos sexuais, desvio de dinheiro e disputas judiciais têm sido registrados em diversas convenções regionais, gerando questionamentos sobre a coerência entre discurso e prática.
Além dos escândalos, a luta pelo controle de igrejas e convenções tem ganhado destaque na imprensa, expondo divisões internas e enfraquecendo a imagem da maior denominação pentecostal do país. As disputas revelam um lado político do movimento que, em sua origem, era conhecido pela simplicidade e comunhão entre os fiéis.
