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Depressão de líderes evangélicos liga alerta sobre o exaustão dos pastores

Publicada em: 27/07/2025 08:23 - Ultimas Noticias Gospel

O afastamento do pastor Luciano Estevam do ministério pastoral da Primeira Igreja Batista em Aracruz (ES), após 24 anos e sete meses de serviço, revela um desafio crescente no meio evangélico: a saúde mental dos líderes religiosos. Diagnosticado com depressão severa no final de 2024, ele optou por renunciar ao cargo para dedicar-se ao tratamento, reconhecendo o impacto profundo da doença sobre suas emoções e sua capacidade de conduzir a igreja.

Em sua despedida, o pastor deixou claro que não pretende colocar em risco o trabalho do Reino enquanto enfrenta a depressão, uma decisão que expõe a urgência de atenção à saúde emocional no ambiente pastoral. “Enquanto eu estiver com a doença, não vou arriscar continuar com o ministério de qualquer igreja para não causar prejuízo ao reino de Deus”, afirmou.

O caso de Luciano traz à tona um cenário que muitos líderes vivem em silêncio. Segundo levantamento do Barna Group, 42% dos pastores americanos já cogitaram deixar o ministério devido à exaustão. No Brasil, uma pesquisa da PUC-SP indicou que 8% dos pastores da Convenção Geral das Assembleias de Deus apresentavam sintomas de depressão e 18,4% de ansiedade, problemas frequentemente agravados pela falta de espaços seguros para manifestar suas dificuldades emocionais.

A psicóloga Danielle Silva destaca que a sobrecarga de trabalho, a constante cobrança por excelência e o isolamento afetivo são fatores que pesam no adoecimento desses líderes. “Muitos acumulam funções e expectativas e perdem a conexão com suas próprias necessidades, permanecendo em estado de alerta por longos períodos”, explica. Ela ressalta ainda que o estigma associado ao sofrimento psíquico, muitas vezes interpretado como falta de fé, atrasa a busca por ajuda e aprofunda o sentimento de culpa.

Silêncio

O silêncio em torno da saúde mental pastoral também é uma questão teológica e cultural. O pastor e psicanalista Sidnei Vicente Paula de Melo reforça que fé e ciência podem caminhar juntas para promover a cura. “A psicanálise visa levar o indivíduo a buscar reconciliação, inclusive intrapsíquica, com seu próprio interior, o que complementa o cuidado espiritual”, afirma. Para ele, o acolhimento emocional é parte essencial do ministério, e a igreja deve ser um espaço seguro para o alívio das feridas emocionais.

Segundo o pastor e psicanalista Anderson Aurora, a escuta clínica ajuda a transformar o sofrimento em processo de cura. “A igreja é vocacionada para acolher os cansados e oprimidos, e a psicanálise pode auxiliar na identificação de emoções e traumas, colaborando para a libertação emocional”, reforça.

 

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