O delegado responsável pelas investigações das mortes de mãe e 3 filhas em Sorriso (420 km ao norte), Bruno França Ferreira narrou detalhes sobre a chacina e prisão do acusado em poscast sobre crimes que comoveram o país. Primeira desconfiança do delegado contra o assassino confesso Gilberto Rodrigues dos Anjos, 32, foi o comportamento de não ter a "curiosidade", como outros pedreiros tiveram, de ir para frente da casa, quando a polícia chegou. Segundo Bruno, houve uma luta generalizada pela vida entre as vítimas e o assassino.

 

Cleci Calvi Cardoso, 46, Miliane Calvi Cardoso, 19, e Manuela Calvi Cardoso, 13, foram mortas e estupradas por Gilberto enquanto agonizavam, na madrugada do dia 25 de novembro, dentro de casa. A menina mais nova, Melissa Calvi Cardoso,10, foi morta asfixiada pelo pedreiro com as mãos.

 

"Quando eu cheguei no local, um jornalista que foi o primeiro ao chegar no local ao saber do crime, me disse: 'doutor, todos os pedreiros vieram ver, com exceção daquele'. Isso já despertou a minha atenção, fiquei incomodado, porque acho muito improvável alguém trabalhando e saber que tem 4 corpos na casa ao lado e não ter a curiosidade de ir até lá, pelo menos, até a fita de isolamento", disse ao programa Podcast Crime S/A.

 

No entanto, o delegado contou que a primeira coisa que a polícia fez foi entrar na casa para analisar a cena do crime. Ao ver claramente que se tratava de violência sexual, a atenção da Polícia Civil foi voltada para o terreno em construção ao lado da casa da família. Isso porque, segundo ele, neste local trabalhavam ao menos 15 pedreiros entre 30 e 40 anos, "perfil exato" de homens que cometeriam esse tipo de crime.

 

Ele relatou que foi até a obra e impediu a entrada e saída de qualquer pessoa da construção. Delegado disse que o seu segundo despertar de desconfiança de Gilberto foi que em entrevista aos trabalhadores da obra. Questionados se tinham passagens criminais, uns disseram que sim, outros que não e Gilberto garantiu que nunca havia sido preso ou denunciado. Ao fazer a checagem de documentos daqueles funcionários, havia um mandado de prisão em aberto contra o assassino, por um crime igual ao de Sorriso. Ele havia estuprado e tentado cortar o pescoço da mulher, mas ela conseguiu escapar e acionou a polícia. Ataque ocorreu em setembro.

 

"Quando fui checar os documentos dos funcionários e fazer perguntas a eles, se ouviram ou viram alguma coisa, meus olhos já estavam voltados a Gilberto. Quando vi o mandado de prisão em aberto fui questioná-lo se já havia sido preso, ele negou. E aí, lembrei das pegadas de sangue já seco na casa com chinelo deformado na sola, foi quando pedi para mostrar as coisas dele no local que dormia na obra", explicou.

 

Gilberto abriu um contêiner, onde tinha alguns pertences pessoais. No entanto, o delegado pediu que ele mostrasse o chinelo em específico. A princípio, ele disse que não tinha, porém, o delegado, desconfiado, insistiu, até que o assassino entregou o calçado. Com o par de chinelos, o delegado voltou a cena do crime e entregou ao perito responsável.

 

Após feito as análises idênticas do chinelo com os rastros pela casa, a polícia confirmou que o assassino era Gilberto. Ao retornar na obra para dar voz de prisão, o delegado disse ao pedreiro todas as provas que a polícia encontrou e ele acabou confessando todo o crime. Gilberto era o único trabalhador que dormia na obra.

 

Por fim, delegado explicou que uma vizinha relatou à polícia que chegou a ouvir gritos intensos na casa durante a madrugada, mas achou que eras a dona repreendendo os cachorros que latiam sem parar.  Bruno França afirma que "não tem como ser a mesma pessoa depois que entrou naquela casa e viu a cena do crime".

 

No corredor, entre a sala e cozinha, com os quartos nas laterais, foram encontrados os corpos da mãe e da filha mais velha nus. Cleci, a mãe, estava de bruços e Miliane de barriga para cima. Manuela estava em um dos quartos também nua. Todas estavam "esgorjadas", quando o corte percorre o pescoço de um lado ao outro. Em uma das mãos da Miliane, foi encontrado um tufo de cabelo do assassino, o que mostra claramente luta corporal.

 

"Algumas das meninas estavam com bastante facadas no rosto, principalmente a menina de 19 anos, com sinais claros de luta. Na mão direita travada tinha um tufo de cabelo, que depois serviu como prova. Pela casa havia uma quantidade absurda de sangue, tinha em todos os cômodos, o que nos leva a crer que houve uma luta generalizada entre as meninas e o assassino", disse.

 

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